terça-feira, 22 de março de 2011

Análise - A Metafísica de "Dona Menina"

Agora que o espetáculo estreou, postarei aqui visões, interpretações, análises e críticas do espetáculo. Qualquer um pode ter seu texto publicado aqui. Basta ter lido o livro, assistido ao espetáculo ou ouvido o CD com a trilha  sonora. 

O primeiro texto é uma interpretação do texto à luz da metafísica, cheio de poesia, como nós, os líricos, gostamos de ver. Vale a pena conferir.

E se você também tem uma interpretação do texto, uma análise do espetáculo, uma crítica ou um desenho, entre em contato conosco, que publicaremos com todo prazer. 



A metafísica de "Dona Menina"

Por Sônia Alvarez

Nasci Catarina, mas Catarina haverei de me recriar; mais que pura, purificada pela consciência de onde vim, onde estou e para onde vou.

Zilá, contraparte do que sou, como Osiris e Seth, as trevas que fizeram a minha luz. A dor que me permite identificar o sorriso. Zilá, mestre do que sou, geradora da dor para a consciência.

Meu corpo, veículo de minha alma, meu cárcere, meu barco. Humildade, húmus, barro, substância que sou da própria terra, filha do ventre da mãe que me acolhe, partilha e conduz nesta evolução. É resistência, é ordem e perseverança.

Minha mente, estrutura aérea, como um espelho, acumula pó da mesma forma que reflete, somente o vento furioso pode decantar a vaidade de meu pensar, a ilusão que me gerava o medo. Só na brisa suave da sabedoria da alma pude encontrar a bonança. Ar é inteligência, que decantada pode levar ao discernimento e sabedoria.

Minhas emoções que me conectam com tudo e todos, substância sem forma que passa dentre tudo. Elemento de purificação kármica que me re-integra à fonte primodrial, me reunifica, gerando bondade. O livre fluir da vida, onde o que foi repousa na instância do vir-a-ser.

Minha intuição, minha alegria mais profunda, minha vontade que irradia do centro do meu ser, dádiva de Prometeu que me permite buscar a Lei, permete me recriar a cada dia.

Aurora, consciência inteiros da minha ciclicidade, de meu amanhecer, da dualidade de vida-morte-vida que me habita. Da potencialidade da morte gerando vida, do entendimento da polaridade que tudo encarna e a possibilita de transmutá-la. 



Sônia Stefanato Alvarez


Médica pediatra, com atuação na infância e adolescência. Possui formação em medicina funcional e oligoterapia, formação em biopsicologia e ayurvédica.

Estudiosa de filosofia clássica, investiga sua conexão à ciência contemporânea.

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